O que pode e o que não pode entrar na sua composteira (lista completa)

A compostagem é um processo natural que transforma resíduos orgânicos em um adubo rico em nutrientes, conhecido como composto. Além de reduzir significativamente a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários, ela contribui para a fertilidade do solo e promove uma rotina mais sustentável dentro de casa — especialmente em ambientes urbanos.

Apesar de ser uma prática simples, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o que pode colocar na composteira e o que deve ser evitado para garantir um processo saudável e sem mau cheiro. Por isso, neste artigo, vamos esclarecer essas questões e oferecer uma lista completa e confiável dos materiais que podem — e não podem — ir para a sua composteira, ajudando você a fazer escolhas mais conscientes e eficazes no dia a dia.

O que é compostagem e por que fazer em casa?

A compostagem é um processo biológico em que microrganismos, como bactérias e fungos, decompõem a matéria orgânica — restos de comida, folhas secas, borra de café, entre outros — transformando-a em um adubo natural, chamado composto orgânico. Esse processo acontece de forma controlada, podendo ser feito tanto em áreas rurais quanto dentro dos lares urbanos, inclusive em pequenos apartamentos.

Fazer compostagem em casa traz diversos benefícios ambientais e domésticos. Primeiro, reduzimos significativamente a quantidade de lixo que enviamos para os aterros sanitários — estima-se que até 60% do lixo doméstico seja orgânico e, portanto, compostável. Isso diminui a produção de gás metano, um dos grandes vilões do efeito estufa, e contribui diretamente para a redução da poluição.

Além disso, o composto gerado pode ser usado para nutrir plantas, hortas e jardins, promovendo uma jardinagem urbana mais saudável e sustentável. Com isso, não só economizamos na compra de fertilizantes, como também fechamos um ciclo ecológico dentro de casa: o que antes era lixo, agora vira vida.

A compostagem também é uma ótima forma de educar a família sobre o consumo consciente e o respeito à natureza. E o melhor: com as técnicas e ferramentas certas, é possível fazer compostagem mesmo em apartamentos pequenos, sem mau cheiro ou bagunça.

Tipos de composteira: antes de começar, saiba qual é a sua

Antes de iniciar sua jornada na compostagem doméstica, é importante conhecer os diferentes tipos de composteira e escolher aquele que melhor se adapta à sua rotina, espaço disponível e quantidade de resíduos gerados. Existem opções para todos os perfis — desde quem tem um quintal espaçoso até quem mora em apartamento. Veja abaixo as principais:

Vermicomposteira (com minhocas)

Esse é um dos modelos mais populares entre os iniciantes e também um dos mais eficientes. A vermicomposteira utiliza minhocas californianas (Eisenia fetida) para acelerar o processo de decomposição dos resíduos orgânicos. Elas se alimentam dos restos e transformam tudo em um adubo de altíssima qualidade, conhecido como húmus.

Ideal para quem tem um cantinho sombreado e ventilado em casa, como uma varanda ou área de serviço. As minhocas são inofensivas, não transmitem doenças e, quando bem cuidadas, trabalham de forma silenciosa e sem gerar mau cheiro.

Composteira seca (sem minhocas)

Já a composteira seca é indicada para quem não quer ou não pode usar minhocas no processo. Nesse sistema, os resíduos são decompostos apenas com a ação de microrganismos presentes no ambiente, e o controle da umidade é feito por meio da adição de materiais secos, como serragem, folhas secas ou papel picado.

Ela demanda um pouco mais de paciência, pois o processo é mais lento, mas funciona muito bem quando feita com os cuidados adequados. É uma ótima opção para quem busca uma rotina mais simples ou mora em locais com temperaturas extremas que dificultam o uso de minhocas.

Compostagem em apartamento

Para quem vive em espaços reduzidos, como apartamentos, há soluções compactas e eficientes. A compostagem pode ser feita em baldes empilháveis, caixas plásticas com tampa ou até kits prontos vendidos no mercado, próprios para ambientes internos.

O segredo está no bom manejo dos resíduos e no equilíbrio entre materiais úmidos (restos de frutas e legumes, por exemplo) e secos (serragem, papelão). Também é possível usar vermicomposteiras adaptadas para apartamento, com camadas bem vedadas para evitar odores e insetos.

O que pode entrar na sua composteira (lista completa) 

Saber exatamente o que pode colocar na composteira é essencial para garantir um processo eficiente, sem odores desagradáveis e com um composto final de qualidade. Para facilitar, organizamos a lista completa por categorias. Você pode usar como checklist na hora de separar seus resíduos!

Resíduos de cozinha

Esses são os materiais mais comuns no dia a dia e representam uma boa parte do lixo orgânico que produzimos. Na composteira, eles se transformam em nutrientes para o solo.

  •  Cascas de frutas e legumes
  •  Borra de café e filtro de papel (sem alvejante)
  •  Saquinhos de chá (sem grampo metálico)
  •  Restos de comida sem sal, sem óleo e sem tempero (somente em composteiras secas ou bem equilibradas)

Evite: carne, ossos, gordura, laticínios e alimentos cozidos com tempero — esses resíduos atraem insetos e causam mau cheiro.

Resíduos de jardim

Perfeitos para equilibrar a umidade da composteira, esses materiais são ricos em carbono e ajudam a manter a aeração e o volume do composto.

  •  Folhas secas
  •  Galhos finos e picados (facilita a decomposição)
  •  Grama cortada (em pequenas quantidades, pois fermenta facilmente)

Dica: sempre que adicionar resíduos úmidos (cozinha), adicione também uma camada de material seco do jardim.

Outros materiais orgânicos

Alguns itens do nosso cotidiano também podem ser compostados, desde que estejam livres de produtos químicos ou tintas pesadas.

  •  Papel toalha usado (sem gordura ou produtos de limpeza)
  •  Papelão picado (sem tinta ou plastificação)
  •  Serragem de madeira natural (sem verniz, tinta ou cola)

Esses materiais ajudam a controlar a umidade e servem como “cobertura seca”, essencial para evitar odores e mosquinhas.

O que não pode entrar na sua composteira (lista completa) 

Assim como é importante saber o que pode colocar na composteira, é fundamental conhecer os materiais que devem ser evitados a todo custo. Eles podem atrapalhar o processo de decomposição, causar mau cheiro, atrair pragas ou até contaminar o composto final.

Veja a lista completa e mantenha sua composteira sempre saudável e eficiente:

Alimentos e resíduos que causam mau cheiro ou atraem pragas:

  •  Carnes e derivados (ossos, pele, gordura)
    Esses itens se decompõem lentamente e atraem moscas, ratos e baratas.
  •  Laticínios (queijo, leite, iogurte, manteiga)
    Produzem odor forte e fermentam com facilidade, além de atrair pragas.
  •  Óleos e gorduras
    Impermeabilizam os resíduos, dificultando a decomposição e causando cheiro ruim.
  •  Fezes de animais domésticos
    Podem conter parasitas e microrganismos prejudiciais à saúde humana.
  •  Alimentos temperados ou cozidos com sal
    O excesso de sal e temperos interfere no equilíbrio da composteira e pode matar microrganismos benéficos.

Materiais que contaminam ou não se decompõem:

  •  Plantas doentes ou com fungos
    Podem transmitir doenças para o composto e para as plantas que forem adubadas depois.
  •  Plásticos, vidros e metais
    Não são materiais orgânicos e não se decompõem. Além disso, contaminam o composto.
  •  Papel colorido, com tinta brilhante ou tóxica
    Muitas tintas industriais contêm metais pesados ou substâncias químicas que prejudicam o solo.

Itens “polêmicos”: pode ou não pode?

Quem começa a fazer compostagem logo se depara com uma série de dúvidas sobre alguns alimentos que parecem estar na “zona cinzenta” — não estão claramente na lista do que pode, nem do que não pode. A verdade é que muitos desses itens polêmicos podem sim entrar na composteira, mas com moderação ou alguns cuidados específicos. Vamos esclarecer ponto a ponto:

Cítricos (laranja, limão, tangerina etc.): pode, com moderação

Muita gente evita os cítricos por medo de “acidificar” demais a composteira. Mas, na prática, eles podem ser usados em pequenas quantidades, desde que misturados com bastante material seco. O ideal é picar as cascas e distribuir bem entre os demais resíduos. Se sua composteira for pequena, use cítricos com menos frequência.

Alho e cebola: pode sim, em pequenas quantidades

Alho e cebola têm compostos que podem afastar microrganismos benéficos, principalmente em vermicomposteiras. Porém, se usados com moderação e misturados a outros resíduos, não causam problemas. Evite grandes volumes de uma vez só.

Pão velho e arroz: depende do tipo de composteira

Esses alimentos são ricos em carboidratos e se decompõem rapidamente, o que pode gerar mau cheiro e atrair insetos. Em composteiras secas ou bem ventiladas, eles podem ser utilizados, desde que não estejam temperados e sejam misturados a materiais secos. Já em vermicomposteiras, o ideal é evitar ou usar com muita cautela.

Casca de ovo: pode sim, mas deve ser triturada

As cascas de ovo são ótimas para fornecer cálcio ao composto, mas devem ser bem lavadas, secas e trituradas antes de irem para a composteira. Isso acelera a decomposição e evita o surgimento de odores ou atração de moscas.

Excesso de borra de café: pode prejudicar o pH

A borra de café é excelente fonte de nitrogênio, mas seu uso excessivo pode acidificar o ambiente, prejudicando o equilíbrio da composteira. O ideal é usar com moderação e sempre compensar com materiais secos, como serragem ou folhas.

Dicas práticas para manter sua composteira saudável

Manter a composteira saudável é mais fácil do que parece — basta seguir algumas regrinhas simples e observar o comportamento dos resíduos ao longo do tempo. Aqui vão dicas práticas que fazem toda a diferença no sucesso da sua compostagem doméstica:

Relação verde/marrom: o equilíbrio perfeito

Um dos segredos para evitar problemas é manter o equilíbrio entre materiais “verdes” (ricos em nitrogênio, como restos de frutas e vegetais) e “marrons” (ricos em carbono, como folhas secas, papelão e serragem).
A proporção ideal é de 1 parte verde para 2 ou 3 partes marrons. Isso ajuda a manter a umidade sob controle, evita mau cheiro e garante um processo mais rápido e eficiente.

Como evitar mau cheiro

Uma composteira bem cuidada não tem cheiro ruim. Se o odor estiver forte ou azedo, algo está desequilibrado. As causas mais comuns são:

  • Excesso de resíduos úmidos (restos de comida)
  • Falta de aeração
  • Pouca matéria seca

Soluções simples:

  • Adicione uma boa camada de serragem ou folhas secas
  • Mexa o conteúdo para melhorar a oxigenação
  • Evite adicionar alimentos cozidos ou temperados

Frequência de revolvimento

Revolver os resíduos de tempos em tempos ajuda a oxigenar a composteira e acelera a decomposição.
O ideal é fazer isso 1 a 2 vezes por semana, misturando levemente os resíduos antigos com os novos, sempre com cuidado para não perturbar demais o equilíbrio do sistema — especialmente no caso de vermicomposteiras.

O que fazer se surgirem mosquinhas

As famosas mosquinhas-das-frutas (ou drosófilas) são comuns, especialmente se houver excesso de resíduos frescos na superfície. Embora inofensivas, podem incomodar.

Como resolver:

  • Cubra sempre os resíduos novos com uma camada de material seco
  • Mantenha a composteira sempre fechada (caso tenha tampa)
  • Use uma tela fina ou tecido respirável para vedar a entrada de insetos
  • Coloque uma armadilha caseira (vinagre + detergente em um potinho próximo à composteira)

Conclusão

Compostar é um gesto simples, mas com um impacto enorme — para o planeta, para a sua casa e para a sua relação com os resíduos que produzimos diariamente. Quando feita da forma correta, a compostagem reduz drasticamente o lixo que vai para os aterros, transforma restos em vida e fortalece práticas sustentáveis dentro dos lares e das cidades.

Iniciar esse hábito é um passo importante rumo a uma vida mais consciente. E manter a prática com consistência é o que realmente faz a diferença. Não precisa ser perfeito — o importante é começar, observar e ajustar aos poucos. Cada casca de fruta, cada folha seca ou borrinha de café reaproveitada é um pequeno ato de cuidado com o meio ambiente.

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Vamos espalhar essa ideia e transformar nossos restos em recursos. 

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